Fonte: G1 em São Paulo - Amauri Stamboroski
Mostra que teve 30 mil visitantes no Rio estreia no Masp na sexta (24).
Artista é conhecido por seus trabalhos com materiais inusitados.
Quem visitar a exposição “Vik”, retrospectiva da carreira do artista plástico Vik Muniz que é aberta ao público nesta sexta-feira (24) no Museu de Artes de São Paulo (Masp) pode se deparar com algo além das131 fotografias de diferentes obras realizadas ao longo dos seus 20 anos de carreira: a presença do próprio Vik, circulando anônimo pela exposição.
Veja fotos dos trabalhos de Vik Muniz
“No Rio aconteceu algo muito interessante. Havia um grupo de quatro adolescentes, e uma delas estava ‘explicando’ como eu havia feito uma obra. Tentei interromper e questionar, dizendo que o artista podia ter feito de outra maneira, mas ela me respondeu perguntando: ‘Você por acaso conhece o artista? Eu conheço, li seus livros e vi seus vídeos’”, conta Muniz em meio a gargalhadas em entrevista ao G1.
A mostra chega a São Paulo após uma temporada de sucesso no Rio de Janeiro, tendo recebido mais de 30 mil visitantes entre janeiro e março, no MAM. Idosos, crianças, adolescentes e um público que foge ao “padrão da galeria de arte” tiveram contato com as obras do artista paulistano radicado em Nova York.
“Foi uma experiência incrível, tivemos um grupo de presidiárias e outro de internas do Instituto Pinel visitando a exposição, além de dois ônibus trazendo diariamente crianças de escolas da periferia”, enumera Muniz, para quem “ser reconhecido por um taxista é tão gratificante quanto receber uma resenha positiva no ‘The New York Times’”.
Pop
Vik sabe do potencial pop de sua arte – uma de suas obras mais famosas é a reprodução da “Mona Lisa” de Leonardo Da Vinci em geleia e pasta de amendoim: “Só porque eu quero atingir mais pessoas não significa que eu tenho que ‘emburrecer’ minhas obras. A crítica e o mundo da arte criou o mito da ‘loira burra’: se a obra é bonita, deve ser rasa, vazia”, explica.
A aproximação do público “não-especializado” é deliberada, começando pelo espaço da exposição: ao invés de entrar no tradicional “cubo branco”, quem descer ao subsolo do MASP nos próximos dois meses e meio vai se deparar com paredes coloridas exibindo as obras do artista. “Acho que o branco interfere em uma obra tanto quanto qualquer outra cor – aliás, acho até mais opressivo esse mito da neutralidade branca, as galerias ficam parecendo laboratórios”.
Essa preocupação em se afastar da “esterilização” da arte tem um fundo pessoal: “A primeira vez que meus pais entraram em um museu foi para ver uma exposição minha. As pessoas não precisam deixar de ter contato com a arte por se sentirem intimidadas”.
Pesquisas
Além da exposição e dos trabalhos recentes, como a série de retratos de catadores feita com lixo, Muniz se dedica a outras atividades, como as pesquisas em parceria com o Laboratório de Mídia do MIT (Massachusetts Institute of Technology) a respeito de “máquinas moleculares”, objetos desenvolvidos com nanotecnologia que mudam de forma dependendo da necessidade: “São muitas pessoas diferentes juntas – cientistas, filósofos de marketing, até o [cineasta] Michel Gondry participa”.
Influenciado pelo guru midiático Marshall McLuhan, Vik gosta de se definir como um “estudante de mídia”, tanto quanto artista. “Assim como Andy Warhol tinha a ‘Interview’ e suas centenas de projetos paralelos, eu quero ir além do universo fechado da arte contemporânea”.
A exposição no Masp pode servir para encontrar mais que os retratos assinados por Muniz – assim como no Rio, há a possibilidade de ele voltar a circular anonimamente pela mostra e, quem sabe, receber uma insuspeita dica sobre a obra do artista. Além dos olhos, é bom ficar com os ouvidos bem abertos.
Vik Muniz no MASP
Quando: De sexta (24) até 12 de julho
Horário: das 11h às 18h, de terça a domingo e feriados; e das 11h às 20h, às quintas.
Quanto: R$ 15 (R$ 7 para estudantes e gratuito para menores de 10 anos e maiores de 60). Às terças-feiras a entrada é gratuita.
Onde: Museu de Arte de São Paulo – Masp
Endereço: Av. Paulista, 1.578
Telefone: (11) 3251 5644
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Após sucesso no Rio de Janeiro, Vik Muniz expõe em São Paulo
Publicado por
Eduardo Chaves
Arquivado em:
Exposições
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