O fotógrafo Marcelo Andrê está a todo vapor com sua expedição pelas áreas mais remotas do nosso país. Nesta sexta participação no FOTOCOLAGEM, Andrê garante os mais belos registros do Parque Estadual do Ibitipoca.
Se o fotógrafo não para, o nosso blog também não pode parar. Acompanhe os outros posts já realizados sobre o trabalho do Marcelo Andrê: Pantanal - Jalapão - Chapada dos Guimarães - Parque das Emas e Procissão do Fogaréu.
Marcelo Andrê
Parque Estadual do Ibitipoca
No feriado de Tiradentes 18 a 21/04 estive em Ibitipoca encontrei um parque organizado, com uma estrutura adequada para receber o turistas.
Localizada na zona da mata mineira, Conceição do Ibitipoca é uma das mais antigas vilas de Minas Gerais. A comunidade é distrito do município de Lima Duarte, distante 3Km da portaria do Parque Estadual do Ibitipoca.
Alguns estudiosos da língua tupi descrevem a tradução do nome Ibitipoca como “casa de pedra”, pela existência de muitas cavernas que serviam de moradia aos índios.
Os primeiros relatos sobre a região datam de 1692, o “Monte do Ebitipoca” é citado no roteiro de viagem do Padre João Faria Fialho (bandeira de Taubaté). No século seguinte, a região atingia mais de cinco mil moradores em decorrência da procura pelo ouro.
Após a descoberta do mineral em abundância, na “Vila Rica”, o êxodo foi geral. Ficou apenas a população mais humilde que não tinha condição financeira para sair. Hoje, 300 anos depois, a vila é freqüentada por turistas de todo o mundo e a população não ultrapassa dois mil habitantes.
Em 1822, Saint Hilaire visitou a serra e fez coleta de vários espécimes botânicos, identificado logo as melastomáceas e outras espécies da flora local. Sobre os bosques da Araucária apontou a correspondência com outras áreas da Mantiqueira, desde a Borda do Campo até as regiões do sul do País, como Curitiba e Rio Grande do Sul, passando por certas áreas do Rio de Janeiro: ele já apontava para uma igualdade de temperatura entre esses diversos pontos, funcionando a Araucária como uma espécie de termômetro dessa situação. Esse grande botânico não se ocupou muito das furnas, mas se emocionou ao descrever os campos e as matas. "A vista dos belos campos que se apresentam hoje a meus olhos, não pude deixar de sentir verdadeiro aperto de coração pensando que logo os deixarei pra sempre. Todos estes dias vivi na mais penosa incerteza. Sinto muito bem que não posso ficar pare sempre no Brasil. Desejaria, porém, ao menos gozar, por mais tempo, do prazer de admirar este belo país."
Na segunda metade do século XX o interesse pela Serra do Ibitipoca começou a aumentar, com alguns visitantes procedentes de municípios próximos que ali se dirigiam com a finalidade de fazer lazer, nos feriados e fins de semana.
Em 4 de Julho de 1973 foi instituído próximo a Conceição do Ibitipoca o Parque Estadual do Ibitipoca, ao longo de toda a linha de cumeada da serra e vertentes próximas, com uma área de 1488 hectares.
Relevo
A Serra do Ibitipoca está na interseção entre o Planalto de Itatiaia, que faz parte da Região Geomorfológica da Mantiqueira Meridional (pertencente ao Domínio das Faixas de Dobramentos Remobilizados do Brasil), e o Planalto de Andrelândia, faz parte da Região dos Planaltos do Alto Rio Grande (pertencente ao Domínio dos Remanescentes de Cadeias Dobradas do Brasil) (RADAMBRASIL, 1983).
Geologicamente a Serra está na unidade do Planalto de Andrelândia, que é constituída pelos relevos elaborados nas rochas metassedimentares do Grupo Andrelândia, como quartzitos e alguns trechos de rochas cristalinas do Gnaisse Piedade. Sobre estas rochas, localmente, desenvolvem-se solos tipos Cambissolos álicos, e Latossolos Vermelho-Escuro (RADAMBRASIL, 1983).
O desenvolvimento mais acentuado da erosão nos gnaisses das áreas adjacentes (compostas por morros, colinas e formas intermediárias), devido a menor resistência, e, portanto maior resposta às forças exógenas (o controle climático/ fluvial foi maior), permitiu o realce topográfico da Serra, onde predominou em relação ao intemperismo. Resultantes dos dobramentos formaram-se duas cristas anticlinais na área do Parque, sendo elas paralelas, e correspondendo às áreas mais altas da localidade. Atingem 1784m de altitude, no Morro da Lombada, e na crista paralela, 1721m no Pico do Pião.
VEGETAÇÃO
O tipo de vegetação endêmica Campos Rupestres, com diferentes graus com as adjacências regionais, constitui a maior extensão de vegetação Vanillosmopsis do Parque. Os campos rupestres, um dos maiores centros de biodiversidade e endemismos do Brasil, são agrupamentos de vegetação que refletem condições ecológicas diferentes das de vegetação regional, onde são encontrados endemismos específicos, indicando um isolamento antigo (RADAMBRASIL, 1983). A paisagem é fortemente influenciada pelas Velloziaceae ("canelas de ema"), Orquidaceae, Bromeliaceae, Eriocaulaceae ("sempre vivas"), Cactaceae e um gênero arbustivo dominante de Compositae: Vanillosmopsis, popularmente conhecida como candeia. As famílias melhor distribuídas, de modo geral, nos Campos Rupestres do Parque, são Gramineae, Compositae, Orchidaceae, Melastomataceae, Velloziaceae, Asclepiadaceae, Myrsinace ae, Polypodiaceae, Bromeliaceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae, Eriocaulaceae e Ericaceae.
Além dos Campos Rupestres, o parque abriga uma área de mata ombrófila, conhecida como Mata Grande, contendo principalmente gêneros de Rubiaceae, Lauraceae, Myrtaceae, Euphorbiaceae, Nyctaginaceae, Melastomataceae, Annonaceae, Palmae, Apopynaceae e Monimiaceae (M. A. L. FONTES, 1996)
Adensamentos arbustivos e matas ciliares: As matas ciliares, em sua grande maioria e extensão, constituem adensamentos arbustivos que acompanham a distribuição dos solos mais espessos, em condições de vertente ou de terrenos concavizados. Esse subtipo de vegetação mostra-se úmido, com ação dos ventos reduzida, e com presença marcante e diversificada de bromélias, musgos, e nas bordas ou áreas menos sombreadas, muitos tipos de liquens.
As características "matas de candeia" correspondem a adensamentos arbustivos, bem como às bordas da Mata Grande. São essencialmente constituídas por gêneros Vanillosmopsis: "candeia", "candeião".
No Parque, geralmente estão entre 1300 a 1650m de altitude. Acima de 1500m de altitude os arbustos são muito isolados e muito menores, apesar de na transição ainda ocorrerem solos não muito rasos.
FAUNA
A área do Parque do Ibitipoca apresenta uma diversidade bastante interessante de aves, que varia com os patamares de altitudes ocorrentes. Em um levantamento procedido pelo mencionado especialista foram identificadas 189 espécies de aves, com um total de 44 famílias(...)como por exemplo o pavó (Pyroderus scutatus), a águia-chilena (Geranoaetus melanoleucos), o açari-banana (Baillonius bailloni), o tucano-do-bico-verde (Ramphastus dicolorus), e o taperuçu (Cypseloides sp). Encontramos também em Ibitipoca animais como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), primatas como o bugio ou barbado(Allouatta fusca) e o saua (Cillicebus personatus). Algumas pessoas do local apontam ainda que existe ate mesmo a onça-parda nas matas do parque.
ESPELEOLOGIA
"(...) os escravos, antigamente, aproveitavam essa vantajosa situação e faziam dessa furna magnífico esconderijo onde podiam bem resistir á fúria dos bárbaros senhores".(...) Semelhante ao que se passa nas grutas calcáreas, as paredes da furna são forradas de uma camada de 1 a 2 centímetros de espessura em alguns pontos, em outros mais grossa, onde predomina uma argila alva proveniente do "cimento" do grês."
Álvaro da Silveira , 1922.
As cavernas do Parque são diferentes entre si, com variações nas formas e aprofundamento de condutos, nos desenvolvimentos horizontais, declividades, circulação de água, deposição de material sedimentar, influência de luz, calor e umidade, ou seja, diferentes subsistemas. O processo de formação de pipes é denominado piping. O pipe é um pequeno canal, centimétrico a métrico, originado, em quartzito, através da dissolução de sílica pela água e ácidos que percolam lentamente pela porosidades estruturais (porosidades primárias: interseção entre fraturas e interseção entre fraturas e planos de acamamento. A rocha torna-se então incoesa (processo de arenização) nos arredores destas estruturas que passam a concentrar os fluxos de água, aumentando a porosidade e conseqüentemente a permeabilidade local (desenvolvimento da porosidade secundária).
Mais Informações:
www.ibitipoca.tur.br
Enjoy
Sobre Marcelo Andrê
MARCELO ANDRÊ, fotógrafo especializado em natureza, montanhismo e esportes de aventura.
Contatos:
Site: http://www.marceloandre.com/
Email: marceloandrebhz@gmail.com
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