O americano Bernie DeChant faz de suas fotografias obras de arte, com títulos sugestivos. Em algumas narra fatos, que estão à disposição de todos, mas que só o olhar atento do fotógrafo consegue destacar. Em outras, cria imagens que parecem cenas em quadros pintados, com plástica de fotografia de cinema. Faz poesia sem utilizar uma só palavra.
Inédita no Brasil, a exposição, composta por 41 imagens, marca a inauguração de uma nova sala expositiva no Museu, a Galeria Oscar Niemeyer, localizada no subsolo, no antigo espaço da Ação Educativa. A mostra tem o patrocínio da Companhia Paranaense de Energia (COPEL) e o apoio do Ministério da Cultura, do Governo do Paraná e da Caixa.
Na seleção feita pelo curador Andy Patrick, uma das características da obra de DeChant que chama a atenção do observador são os grafismos, que ele obtém através do corte do objeto escolhido, do ângulo e da luz. Com formação em design gráfico, DeChant transporta todo esse conhecimento para suas imagens; por vezes coloridas, em outras preto e branco, mas sempre em permanente diálogo uma com a outra, como poderá ser percebido na montagem das obras na sala expositiva.
Exemplares desse grafismo ou a geometria de DeChant estão nas obras “Universo Paralelo” (PB), “Gaiola de Pássaro” (PB), “Desembaraço” (PB), “Alinhamento” (colorida) e “Centro” (colorida). Desde os 9 anos, impressionado pela obra de Oscar Niemeyer, na criação de Brasília, sobre a qual dizia “essa é a cidade do futuro”, o fotógrafo traduziu a modernidade do arquiteto brasileiro nas obras “Desembaraço” e “Alinhamento”. Na primeira, mostra a fachada de um dos prédios da capital federal refletida no espelho d’água, a formar a mesma trama quadriculada da fachada. Em “Alinhamento” utiliza recurso semelhante para mostrar novo ângulo de outra fachada de um prédio, assim como na obra “Centro”, que destaca o quadrado perfeito do cruzamento de uma avenida da Califórnia, vista do alto.
Exatamente a temática que inspira e serve como um dos focos da obra do fotógrafo: as cidades do mundo, suas formas, cores, ritmos e, especialmente, a geometria flagrada em recortes urbanos. Não importa em que país estejam, Bernie encontra, nas cidades do mundo, similaridades e complementos. Em suas cenas reúne a arte, a arquitetura e o design. Entre as imagens incluídas na mostra está, por exemplo, a promessa futurista de Brasília em contraste com a Tóquio colorida, moderna, universal e cosmopolita; a China milenar e o exótico Marrocos; e a Lisboa de prédios altos. Como em um “raio x” dos lugares por onde passa, em suas viagens pelo mundo, o olhar de fotógrafo estrangeiro registra o ambiente, os costumes e a rotina das cidades.
Os contrastes e as semelhanças estéticas na arquitetura é um dos três núcleos que divide a mostra. As formas abstratas e as formas humanas conceituam os outros dois segmentos no qual DeChant trabalha nesta exposição. Atento ao Brasil, o fotógrafo traduziu a favela carioca da Rocinha na sugestiva obra “Ninho de Dados” (colorida), a grande obra abstrata da mostra. “Ninho de Dados” nada mais é do que um emaranhado encontro de fios na cabeceira de um poste da Rocinha. A favela também ganha destaque em “Craca de Rochedos” (colorida), em diálogo com “Blocos Construtivos” (colorida), foto do Pelourinho (Salvador-BA), nas quais o fotógrafo mostra as conjugadas construções pelos morros, parecendo formar um único grande bloco.
A plástica da fotografia de cinema é flagrante no segmento das formas humanas. Na obra “Hollywood” (PB) se vê apenas a imagem em primeiro plano de parte dos braços de um homem em que o rosto está oculto pelo chapéu, em contraste com a obra colorida “Depois do Jantar”, onde aparece outro homem de chapéu, fotografado de costas e, portanto, também com o rosto oculto. “Depois de horas” (colorida), “Hora do fechamento” (PB) e “Georgina” (colorida), aparecem cenas a meia luz que transmitem toda a atmosfera dos ambientes em que estão as mulheres que protagonizam cada quadro.
O que une as fotografias em exibição é que todas elas dialogam entre si.
Patrocínio: COPEL
Visitação: de 20 de junho a 07 de fevereiro de 2010
Museu Oscar Niemeyer Rua Marechal Hermes, 999 - Curitiba Aberto de terça a domingo, das 10h às 18h R$ 4,00 inteira e R$ 2,00 estudantes
Gratuito para grupos agendados da rede pública, do ensino médio e fundamental, para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.
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