Uma perda lamentável
Moreira Salles fecha espaço cultural do Centro de BH
As portas do belo prédio da Avenida Afonso Pena, 737, próximo à Praça Sete, no coração de Belo Horizonte, vão se fechar no fim deste mês e não se sabe quando serão reabertas. Elas vão encerrar para sempre, como mostra reportagem do Estado de Minas (Cultura), um dos mais bem montados espaços culturais da cidade, o Instituto Moreira Salles (IMS). Inaugurado em 1997, como um presente do então Unibanco – última denominação da casa bancária fundada em Poços de Caldas, antes de sua fusão com o Itaú – ao centenário da cidade. A perda é enorme. É mesmo incalculável, dada a excelência e o refinamento da programação que a casa vinha ofereceu nos 12 anos de funcionamento. De fato, aquele se consolidou como um privilegiado espaço para exposições de artes visuais, complementadas por programação de literatura e música de alto
nível.
Nos últimos anos, o edifício de atraente arquitetura, construído em 1925 para ser sede do Banco do Brasil e incorporado mais tarde pelo banco dos Moreira Salles, tradicional família de banqueiros mineiros, passou a ser presença marcante na vida cultural da cidade. Foi graças
ao IMS que o público de BH teve acesso a mostras antológicas de autores históricos da fotografia brasileira, como Marc Ferrez (1843-1923). Bem montadas exposições de artistas plásticos modernos e contemporâneos também valorizaram a programação da casa, dando aos mineiros a oportunidade preciosa de contato com as obras de talentos como os de Portinari, Artur Piza, Mário Zavagli e José Alberto Nemer.
A literatura foi prestigiada pela instituição com o importante lançamento de cadernos dedicados a Guimarães Rosa, Adélia Prado, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Raduan Nassar e Lygia Fagundes Telles. Não é preciso ir além disso para se constatar o quanto a cidade tem razões para lamentar a decisão do IMS de encerrar suas atividades entre nós.
Esse duro golpe na vida cultural da cidade se deve, segundo a direção da instituição, a motivos financeiros, agravados pela crise econômica mundial. Nada tem a ver, garante a administração do IMS, com a recente fusão que deu origem ao maior conglomerado financeiro do país, já que o IMS vive de dotação integral da família Moreira Salles. O instituto, pelo mesmo motivo, está fechando as portas também em Porto Alegre, para concentrar suas atividades no Rio de Janeiro e São Paulo. Há que se respeitar os motivos e a decisão de instituição que já deu incontestáveis demonstrações de seriedade. Mas, inconformados com a perda, os mineiros não vão abrir mão da oportunidade de sugerir ao Itaú Unibanco que, pelo menos em relação ao estado que viu nascer o Unibanco e, mais tarde, deu nova musculatura ao Itaú, com a bem-sucedida incorporação do Bemge, recompense BH com investimentos culturais de igual monta e de nível igualmente elevado como o do IMS.
A história recente do conglomerado nos permite considerá-lo gente de casa e, na intimidade do café com pão de queijo, ambos sabemos que esse é um prazer e um privilégio que vale a pena manter.
Manifestação
No próximo dia 08, sábado, às 13 horas, à Av. Afonso Pena, 737, Próximo
à Praça Sete, os fotógrafos da região planejam uma mobilização para uma manifestação em repúdio ao fechamento do IMS
2 comentários:
Belô e os amigos gauchos, não podem ficar com um museu a menos.
Vamo lá Itau cultural é sua hora!
Ótima iniciativa! Entretanto, infelizmente, fiquei sabendo da manifestação depois que aconteceu. Já assinei o abaixo-assinado, mas acho pouco. Proponho de se organizar outra manifestação, na qual mais pessoas possam participar. Não vamos deixar que esse absurdo ocorra em Belo Horizonte!
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