Por: Alex Villegas
Um dos assuntos mais discutidos e mais cheios de informação desencontrada – portanto um dos mais interessantes – é o que abordo nesta coluna inicial para o Fotocolagem. Monitores, qual escolher?
A cada geração de monitores lançada, as dicas e indicações dadas por colegas, sites e livros ficam obsoletas, e lá vamos nós para a estaca zero na escolha dos nossos monitores novos. E aí, como eu faço para não quebrar a cara na compra? Sempre a mesma novela...
Há uma série de regras simples para se escolher um bom monitor, e têm muito pouco a ver com indicações de modelos e fabricantes.
MONITORES
O monitor é a interface visual entre seu computador e você – então por mais moderna, rápida e cheia de memória e recursos que sua CPU seja, sempre fará parte de um sistema fraco se seu monitor não for de boa qualidade. Sua vida útil vai ser determinada pela capacidade do monitor de manter sua fidelidade de cores através do tempo. Em se tratando de monitores LCD – já que a tecnologia CRT está praticamente desaparecida – a vida útil vai ser algo entre três e cinco anos.
Mas todo monitor LCD é bom? Não necessariamente. Os monitores topo de linha, como os Eizo ColorEdge, os NEC SpectraView e LaCie são o que há de melhor para se tratar imagem. Gama de cores larga, transições suaves e uma extrema docilidade em termos de calibração e caracterização fazem deles uma opção maravilhosa – e cara.
Descendo um pouco na hierarquia dos monitores, podemos encontrar opções com bom custo benefício, como os novos Dell com tecnologia E-IPS. E coisas razoáveis também são encontráveis nas linhas Samsung, LG e Sony, mas deve-se ter muito critério na hora de escolhê-los. Para avaliar se um monitor relativamente barato vale a pena pode-se:
- Abrir um target – Targets são imagens ou compilações de imagens em um só arquivo, que contém todo tipo de dificuldade de reprodução. Tons neutros, transições suaves, tons de pele, cores saturadas. Você pode encontrar e baixar este target em http://www.pixl.dk/index_uk.htm. Visualizando este target no monitor que se está paquerando pode dizer muito sobre sua personalidade e capacidade de reproduzir cor e detalhes. Olhe com cuidado as transições de cor procurando por posterização, veja se ele é capaz de reproduzir detalhe em pontos muito brilhantes ou muito escuros, veja se não existem inversões (locais onde o preto acaba sendo exibido como mais claro do que alguns tons de cinza escuros). Se não encontrou nenhum desses defeitos, você tem um bom candidato em mãos.
- Checar os controles do monitor – Verifique se seu monitor possui controles manuais suficientes. Quanto mais recursos e ajustes seu monitor tiver, mas fácil será calibrá-lo de maneira a ter uma boa fidelidade de cores. Atente especialmente aos controles de R, G e B separados no menu de configurações de seu monitor. Controles de brilho e contraste são extremamente importantes, também.
- Verificar o ângulo de visão – monitores de qualidade costumam ter ângulo de visão mais generoso, por volta de 120 graus.
- O contraste e brilho são importantes, mas não ligue para as imensas cifras de contraste alardeadas pelos fabricantes de monitores. Na verdade, precisamos apenas do contraste suficiente para simular o contraste do papel, então um monitor exageradamente luminoso pode até atrapalhar. Um bom painel garante que esses requisitos sejam atendidos, com contraste a partir de 600:1 (veja box).
- Pesquisar a reputação do candidato – Uma vez com algumas escolhas em mãos, pesquise! Procure em fóruns, pergunte em listas de fotografia. Monitores bons e com preços razoáveis são achados a se comemorar e compartilhar com os colegas. É muito provável que você encontre fotógrafos que utilizam ou utilizaram os monitores nos quais você está interessado, e mais provável ainda que eles compartilhem sua experiência com eles de muito bom grado.
Um segundo monitor também é algo muito bem vindo. Não precisa ser novo ou grande, já que a utilização de um monitor auxiliar não abrange a avaliação de cor, funcionando apenas como um aliado organizacional. Após trabalhar no Photoshop ou Lightroom com dois monitores, você nunca mais vai querer trabalhar com apenas um.
É coisa simples adicionar mais um monitor ao seu sistema – no PC, vai ser necessário adicionar uma placa de vídeo, mas o Windows a reconhece automaticamente. Na maioria dos Macs, já existe uma porta para o segundo monitor, original de fábrica.
Junto com o monitor, costumo dizer que deveria vir um colorímetro de fábrica – infelizmente, ainda temos de adquiri-lo separadamente, o que gera dúvidas sobre a real necessidade de se ter um. Por melhor que o monitor seja, ele não está sendo aproveitado adequadamente se não for calibrado e caracterizado periodicamente.
Como tenho um colorímetro à mão, calibro meus monitores uma vez a cada 15 dias ou sempre que vou começar algum projeto, para assegurar a consistência e fidelidade na exibição das imagens. Há excelentes marcas e modelos de colorímetros, mas posso citar e recomendar o Xrite Eye One Display 2 como meu instrumento de medida favorito.
APROFUNDANDO UM POUQUINHO
Uma das grandes dores de cabeça a afligir o fotógrafo é exatamente a sopa de letrinhas que é apresentada quando se pesquisa sobre monitores. Muitas vezes pagamos uma grana preta por um monitor de marca renomada, apenas pra descobrir depois que o bicho, apesar de lindo e caro, não resolve nossos problemas.
Para atrapalhar ainda mais, os fabricantes de monitores estão sempre fazendo upgrades em suas linhas – o que é bom, mas para os fabricantes, visto que muitos desses “upgrades” visam apenas baratear os custos de produção.
Sugiro que antes de sair atrás de um monitor novo, dê uma olhadinha nas diferenças que existem entre eles – a mais importante é a tecnologia usada para produzir a imagem , visto que nem todo LCD é igual. Há basicamente três tecnologias principais em monitores LCD:
TN (Twisted Nematic)
É o mais baratinho, e por consequência o mais comum. Por características específicas de construção, ele apresenta um ângulo de visão estreito, alta velocidade de resposta, contraste mais baixo do que os monitores baseados em VA (o preto não é lá essas coisas) e uma gama de cores baixa, muitas vezes inferior ao sRGB. Bom pra escritório e games, mas não para artes gráficas.
IPS (In Plane Switching)
O IPS é mais difícil de encontrar e mais caro para fabricar, mas sua tecnologia permite enormes avanços na nossa busca, já que o ângulo de visão é muito melhor, a reprodução e a gama de cores são as mais precisas e abrangentes do mundo dos monitores. Não é tão contrastado quanto os VA, mas já é o suficiente para nossos propósitos, e já que não estamos comprando monitor para jogar Counter Strike, sua velocidade relativamente baixa não é um problema para nós.
Super-IPS (S-IPS)
O S-IPS é a nossa menina dos olhos - alguns desses monitores chegam a exibir Adobe RGB, com a melhor reprodução de cores possível com a tecnologia atual. São um pouco mais rápidos do que os IPS, e mais baratos, ainda por cima. Se puder adquirir um destes, faça-o sem pensar que o benefício é imenso. Eizo e LaCie utilizam este tipo de painel em seus monitores de artes gráficas. A Dell usa uma variante dessa tecnologia chamada E-IPS.
VA (Vertical Alignment)
O VA é uma espécie de meio termo entre o TN e o IPS. Usando um alinhamento diferente dos cristais em relação ao TN, ele acaba por ter uma velocidade melhor do que o IPS e uma gama/reprodução de cores superior ao TN, além de ter o melhor contraste da turma. O custo benefício desse tipo de monitor costuma ser interessante.
Os monitores VA se dividem em várias subclasses, a saber:
MVA (Multidomain Vertical Alignment)
O MVA fica no meio termo entre o TN e IPS em praticamente todos os aspectos, seja na reprodução de cores, no ângulo de visão, supera ambos em termos de contraste, mas não é mais veloz do que um S-IPS, por exemplo.
Premium-MVA (P-MVA)
O P-MVA é o MVA “turbinado” para apresentar uma velocidade de reprodução maior, mas isso acaba custando um pouquinho da reprodução e fidelidade de cor.
PVA (Patterned VA)
Já o P-MVA é o MVA com maior contraste, pretos mais densos e ângulo de visão maior.
Super-PVA (S-PVA)
Esse é o melhor da turma dos VA. O S-PVA é mais veloz, mas sem a queda de reprodução de cor, aliás esta é a maior gama existente nos VA. O ângulo de visão é maior também. Alguns monitores da linha Dell utilizam os S-PVA, com excelente custo benefício.
Resumindo a questão: ao comprar um monitor, cheque sua tecnologia de painel. Vendedores não costumam saber desse tipo de detalhe, então pesquise na internet que obterá uma resposta facilmente. Uma vez com o painel certo, verifique se há controles de brilho, contraste e RGB. Feito isso, abra um target e avalie a reprodução.
Independente de marca, modelo ou tamanho, se seus critérios de avaliação estiverem satisfeitos, você está bem equipado.
6 comentários:
Lembrando que alguns Eizo feitos para designers tem painel S-PVA.
Gostei muito das informações
Sólo un breve comentario para darte la enhorabuena por tu interesante y amneo blog.
Te sigo.
UN saludo
Víctor
COMENTÁRIO DE: Jose Carlos Elias Ferreira
Alex ou quem quer que possa responder
Na BH encontrei o eye-one display 2 e também o eye-one display LT,
além do Colormunki.
Logicamente os preços são um pouco diferentes.
Sendo o eye-one display LT o mais barato.
Vc teria alguma restrição ou comparação à fazer?
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Alex, por favor, se possível responda ao questionamento do leitor.
Obrigado, Eduardo Chaves
Olha Jose, assim de cabeça eu sei que a diferença entre o LT e o 2 é que o 2 permite alguns ajustezinhos que podem ser úteis, dependendo do seu monitor. Compensa mais pegar o 2, na minha opinião.
Quanto ao Munki, ele é espectrofotômetro, ou seja, permite gerar perfil de impressora. Se não for fazer esse tipo de coisa, descarte essa opção - mas o custo-benefício do Munki é muito interessante se pretender gerenciar a cor das suas impressoras.
abraço!!
Olá, muito útil seu post, tenho buscado muitas informações sobre qual monitor comprar pois pretendo adquirir um em breve. As opções de monitores com tela IPS no Brasil são quase nenhuma, andei lendo a respeito de um modelo da Dell, o 2009WA, que me pareceu muito bom mas é um custo conseguir um através do 0800 da Dell, além de que demora bastante para chegar. Esses dias tomei conhecimento de uma TV/monitor da LG que usa o painel IPS, tem modelos em 22" e 26", olhei os 2 em uma loja e vi que o de 22" não tem um angulo de visão muito bom não mas o de 26" me pareceu muito bom, é full HD. Os modelos são o 22LU50FR e o 26LU50FR, você saberia me dizer se vale a pena adquirir uma TV para usar como monitor?
Senhores,
seria interessante relacionar marca/modelos de monitores que são indicados para o tratamento de imagens. Os top monitors EIZO, Lacie, são bem conhecidos, existem outros? Que eu conheço falam muito do DELL, e só.
Assim deixo minha sugestão
Abraço a todos
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