terça-feira, 11 de maio de 2010
Steve McCurry para poucos e bons na capital paulista
Publicado por
Eduardo Chaves
O fotógrafo Steve McCurry a convite do SP Photo Fest e da revista Fotografe Melhor desembarca em São Paulo nos próximos dias para ministrar workshop e palestra no Museu da Imagem e do Som (MIS), entre os dias 20 e 23 de maio. Também está prevista, a exposição Desassossego da Cor no dia 25 na Galeria Babel. A exposição tem curadoria de Eder Chiodetto e de Jully Fernandes.
McCurry é conhecido pela foto de uma menina afegã, Sharbat Gula. Os olhos verdes que nos fixavam diretamente fizeram a volta ao mundo na capa da National Geographic. O fotógrafo já esteve presente nos maiores conflitos do mundo.
O jornalista Simonetta Persichetti, especial para O Estado realizou uma entrevista com Steve McCurry, confira abaixo:
Quase todos os fotojornalistas que fazem coberturas de guerra não gostam de se definir como fotógrafos de guerra. O senhor também não gosta. Por quê? E por que, então, estão sempre em áreas de conflito?
Eu sou um fotógrafo documentarista. Quero contar histórias com as minhas fotografias. Nos últimos 30 anos andei pelo mundo todo fotografando momentos cruciais de vários países como a Afeganistão, Líbano, Camboja, Índia e Tibete.
Algumas pessoas são simplesmente levadas para a linha de frente por sua história particular. Querem ser testemunhas daquelas situações, ver por si próprias em primeira mão. É difícil de explicar, mas de certa forma esta motivação faz parte do DNA. Enquanto algumas pessoas fogem das cenas, outros estão indo ao seu encontro.
Como fotógrafo documental me sinto compelido a contar estas histórias. Em muitos casos, as pessoas que você está fotografando não são capazes de contar sua própria história e, informar o mundo por meio dos jornais, revistas, rádio e televisão, é a melhor chance que elas têm de obter visibilidade e ajuda. Creio que cobrir áreas em conflito é importante. O drama humano destes lugares não pode ser subestimado e eu creio que conseguir transmitir estas emoções por meio de fotografias seja nobre. Fotógrafos querem estar perto do perigo porque é lá que as imagens estão.
Depois de tantos anos registrando conflitos, como o senhor vê a humanidade?
Desempenhamos papéis diferentes, mas somos parte da mesma raça humana. Somos iguais, mas fazemos coisas diferentes. Comemos comidas diferentes, vivemos em casas diferentes, falamos diversos idiomas. Sinto curiosidade e empatia pelo ser humano e cada criatura viva é fundamental para minha fotografia. Humanidade e preocupação com a vida neste planeta é o que me guia para conhecer pessoas e culturas.
Impossível não perguntar sobre a menina afegã, Sharbat Gula, que o senhor fotografou em 1984. Esta sua imagem, é talvez, um dos grandes ícones fotográficos do século 20. Por que decidiu procurá-la 20 anos depois?
A imagem desta menina foi reconhecida no mundo inteiro. Recebi várias cartas e e-mails até que decidi tentar encontrá-la. Muitos queriam conhecer sua história. Quando a achamos foram feitos vários testes científicos que comprovassem que era realmente ela. Mas nós não tínhamos dúvidas. O documentário que fizemos para encontrá-la teve um impacto muito forte em minha vida. Mas o melhor da história foi o fato de sermos capazes de reencontrá-la, ajudá-la e fazer sua vida melhor.
Qual a função do fotojornalismo para o senhor?
Gosto de homenagear pessoas, lugares e culturas por meio das minhas imagens. Também gosto de contar as histórias desses personagens com a minha fotografia - especialmente daqueles que mostrei em áreas de conflitos. Acho que esse é um aspecto importante do fotojornalismo - mostrar pessoas, o que está acontecendo.
Fazer uma reportagem fotográfica para um jornal diário ou revista semanal de informação é diferente de fotografar para uma revista como a National Geographic. Como é isso?
Fotografar para os jornais é bom porque te ensina muito sobre jornalismo e deadlines, sobre histórias e fotografia. O único senão é que existe um certo tipo de edição, que privilegia o impacto. Isso acaba por diminuir o mistério e a incerteza que muitas vezes é tão maravilhoso na fotografia: ser capaz de interpretar, cada um a sua maneira, o sentido de uma imagem. Raramente este tipo de ambiguidade tem espaço no mundo do jornalismo.
Existe mesmo um excesso de imagens no mundo hoje em dia? Como saber se a eficiência da imagem continua? Como manter a credibilidade de uma matéria?
A única tática que eu tenho é ser respeitoso, aberto, e ter consideração com as pessoas que eu fotografo. Não me canso de afirmar o quão importante é demonstrar respeito e delicadeza para com todas as pessoas. Problemas no mundo acontecem quando nos sentimos desrespeitados, não vistos e colocados de lado.
Quais suas expectativas para esse encontro aqui em São Paulo?
Espero aprender e trabalhar com fotógrafos e estudantes e também espero ter ótimas discussões durante a palestra. E também espero, como já te disse acima, fazer um belo ensaio explorando novos lugares de São Paulo e do Brasil.
Serviço
Palestra
Quando: 20 de Maio (Quinta-Feira)
Onde: MIS. Auditório (170 Pessoas). Av. Europa, 158, 2117 4777. – São Paulo
Quanto: grátis - Ingressos distribuídos 1h antes da palestra
Exposição Desassossego da Cor
Onde: Galeria Babel. Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 422, Pinheiros. – São Paulo
Quando: 25 de maio, 18 horas.
Quanto: Grátis
Confira a materia original aqui!
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O fotógrafo Steve McCurry a convite do SP Photo Fest e da revista Fotografe Melhor desembarca em São Paulo nos próximos dias para ministrar workshop e palestra no Museu da Imagem e do Som (MIS), entre os dias 20 e 23 de maio. Também está prevista, a exposição Desassossego da Cor no dia 25 na Galeria Babel. A exposição tem curadoria de Eder Chiodetto e de Jully Fernandes.
McCurry é conhecido pela foto de uma menina afegã, Sharbat Gula. Os olhos verdes que nos fixavam diretamente fizeram a volta ao mundo na capa da National Geographic. O fotógrafo já esteve presente nos maiores conflitos do mundo.
O jornalista Simonetta Persichetti, especial para O Estado realizou uma entrevista com Steve McCurry, confira abaixo:
Quase todos os fotojornalistas que fazem coberturas de guerra não gostam de se definir como fotógrafos de guerra. O senhor também não gosta. Por quê? E por que, então, estão sempre em áreas de conflito?
Eu sou um fotógrafo documentarista. Quero contar histórias com as minhas fotografias. Nos últimos 30 anos andei pelo mundo todo fotografando momentos cruciais de vários países como a Afeganistão, Líbano, Camboja, Índia e Tibete.
Algumas pessoas são simplesmente levadas para a linha de frente por sua história particular. Querem ser testemunhas daquelas situações, ver por si próprias em primeira mão. É difícil de explicar, mas de certa forma esta motivação faz parte do DNA. Enquanto algumas pessoas fogem das cenas, outros estão indo ao seu encontro.
Como fotógrafo documental me sinto compelido a contar estas histórias. Em muitos casos, as pessoas que você está fotografando não são capazes de contar sua própria história e, informar o mundo por meio dos jornais, revistas, rádio e televisão, é a melhor chance que elas têm de obter visibilidade e ajuda. Creio que cobrir áreas em conflito é importante. O drama humano destes lugares não pode ser subestimado e eu creio que conseguir transmitir estas emoções por meio de fotografias seja nobre. Fotógrafos querem estar perto do perigo porque é lá que as imagens estão.
Depois de tantos anos registrando conflitos, como o senhor vê a humanidade?
Desempenhamos papéis diferentes, mas somos parte da mesma raça humana. Somos iguais, mas fazemos coisas diferentes. Comemos comidas diferentes, vivemos em casas diferentes, falamos diversos idiomas. Sinto curiosidade e empatia pelo ser humano e cada criatura viva é fundamental para minha fotografia. Humanidade e preocupação com a vida neste planeta é o que me guia para conhecer pessoas e culturas.
Impossível não perguntar sobre a menina afegã, Sharbat Gula, que o senhor fotografou em 1984. Esta sua imagem, é talvez, um dos grandes ícones fotográficos do século 20. Por que decidiu procurá-la 20 anos depois?
A imagem desta menina foi reconhecida no mundo inteiro. Recebi várias cartas e e-mails até que decidi tentar encontrá-la. Muitos queriam conhecer sua história. Quando a achamos foram feitos vários testes científicos que comprovassem que era realmente ela. Mas nós não tínhamos dúvidas. O documentário que fizemos para encontrá-la teve um impacto muito forte em minha vida. Mas o melhor da história foi o fato de sermos capazes de reencontrá-la, ajudá-la e fazer sua vida melhor.
Qual a função do fotojornalismo para o senhor?
Gosto de homenagear pessoas, lugares e culturas por meio das minhas imagens. Também gosto de contar as histórias desses personagens com a minha fotografia - especialmente daqueles que mostrei em áreas de conflitos. Acho que esse é um aspecto importante do fotojornalismo - mostrar pessoas, o que está acontecendo.
Fazer uma reportagem fotográfica para um jornal diário ou revista semanal de informação é diferente de fotografar para uma revista como a National Geographic. Como é isso?
Fotografar para os jornais é bom porque te ensina muito sobre jornalismo e deadlines, sobre histórias e fotografia. O único senão é que existe um certo tipo de edição, que privilegia o impacto. Isso acaba por diminuir o mistério e a incerteza que muitas vezes é tão maravilhoso na fotografia: ser capaz de interpretar, cada um a sua maneira, o sentido de uma imagem. Raramente este tipo de ambiguidade tem espaço no mundo do jornalismo.
Existe mesmo um excesso de imagens no mundo hoje em dia? Como saber se a eficiência da imagem continua? Como manter a credibilidade de uma matéria?
A única tática que eu tenho é ser respeitoso, aberto, e ter consideração com as pessoas que eu fotografo. Não me canso de afirmar o quão importante é demonstrar respeito e delicadeza para com todas as pessoas. Problemas no mundo acontecem quando nos sentimos desrespeitados, não vistos e colocados de lado.
Quais suas expectativas para esse encontro aqui em São Paulo?
Espero aprender e trabalhar com fotógrafos e estudantes e também espero ter ótimas discussões durante a palestra. E também espero, como já te disse acima, fazer um belo ensaio explorando novos lugares de São Paulo e do Brasil.
Serviço
Palestra
Quando: 20 de Maio (Quinta-Feira)
Onde: MIS. Auditório (170 Pessoas). Av. Europa, 158, 2117 4777. – São Paulo
Quanto: grátis - Ingressos distribuídos 1h antes da palestra
Exposição Desassossego da Cor
Onde: Galeria Babel. Rua Dr. Virgilio de Carvalho Pinto, 422, Pinheiros. – São Paulo
Quando: 25 de maio, 18 horas.
Quanto: Grátis
Confira a materia original aqui!
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2 comentários:
esse blog é maravilhoso !
adoro tudo aqui !
parabéns
Realmente! a falta que sinto da extinta Iris Foto,que foi a culpada de hoje eu ser Fotografo.esta se suprindo com esse exelente blog, parabenizo a todos...João Machado.
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