Por: Ranieri Ribeiro
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A escuridão em meu quarto me deu a chance de fazer algo que adoro: acender velas em meu quarto. O ar mágico desse ponto de luz me faz repensar o mundo. Relembro que de repente tudo se apaga. Estamos, mas ao mesmo tempo não estamos. Partimos, mas algo de nós sempre fica. Somos finitos e infinitos, fugazes e eternos. Olho a vela e o breu à volta. É bonito. Percebo o silêncio. Tenho medo da escuridão. Sim, lembro que desde criança nunca consegui dormir no escuro. Tinha sempre uma luz, que quando acordava, se não a via ficava sem rumo. E até hoje não me sinto bem na escuridão. Mas precisamos dela. Para nos recolher, nos reconhecer, nos aquietar. Nos conhecer e dar mais valor a essa luz que nos ilumina.
Nos últimos anos da minha vida, venho de um mergulho na minha escuridão e na minha luz. Um encontro, um reconhecimento do meu ser. E foi o que sempre fiz como fotógrafo. Procurar uma luz, um caminho na escuridão, para não perder o rumo da minha vida. Acho que é por isso que sou meio “manicado” com lanternas (tenho um monte delas), e também com a luz. Deve ser por isso que escolhi essa profissão de fotógrafo, pois busco a luz perfeita, sempre.
Mas apesar de toda essa vivência é difícil para mim falar dela. Sei que foi um processo longo, árduo, doloroso e de profundas transformações. Em muitos momentos o processo que vivi, vem à tona com uma força descomunal Em outros, as mudanças que fiz na minha vida ajudam-me a avançar no tempo ( vida ). Foram inúmeros obstáculos. Muitas vezes pareciam intransponíveis. Acredito que se minha fé foi testada, hoje posso dizer que sim, sou uma pessoa de fé. Vivo nela e é o que tem me sustentado em tantos momentos de medo. Medos esses que me fizeram sair de uma total escuridão,para uma luz divina e límpida.
Vejo o medo como algo a ser enfrentado, superado, mas com coragem, nunca com a covardia e com a ignorância. Minha vida diz disso, dos sonhos, da vontade de mudar, quem sabe de cidade, de país, dos nossos obstáculos internos, dessa sociedade falsa, de falsos valores, envolvida num caos de escândalos . Falo também de nossas ambigüidades, desilusões, nossos preconceitos e das nossas possibilidades de dar a volta por cima apesar de tudo, porque o que cumpre na vida é subir e não descer.
Aprendi muito na minha vida e com seus personagens, os profissionais que trabalharam nela e tantos poucos amigos que estiveram ao meu lado em diferentes momentos nos últimos anos.
Essa vela que brilhou na minha vida, seja ela de muita luz ou não, foi providencial, porque com ela pude meditar o que faria do resto da minha vida como profissional, como Pai, como homem, e como um ser errante que procura um colo quente da Mãe para se aconchegar.
Luz essa que me faz lutar contra as trevas, para iluminar uma vida.Vida essa que é composta de luz, seja ela quente, fria, suave ,mas uma luz que não se deixa na lembrança, pois ela brilha na estrada que caminho, e só tem uma direção: iluminar a escuridão, porque é nas trevas que é belo acreditar na luz
A dor é sempre uma luz, ou para nós ou para os outros.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
À Luz de Velas - Uma História
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Deborah Silva
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2 comentários:
vc é brilhante!!! meu fotógrafo preferido
vc é brilhante!!! meu fotógrafo preferido
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