Por: Ranieri Ribeiro
Todos os valores obtidos na exposição sempre serão variáveis entre si em função da QUANTIDADE DE LUZ existente no plano em que se quer fotografar. Ou seja, um mesmo filme, com diafragma e obturador na mesma posição, apresentará resultados diferentes em função das diferenças de luz existentes sobre um assunto medido. Então, como saber qual é a exposição correta, se em cada situação a luz se apresenta de maneira diferente? É através do fotômetro, equipamento indispensável ao fotógrafo, que faz justamente a leitura da luz para que se possa determinar os valores de exposição a serem utilizados.
Como vimos, no início da fotografia, a sensibilidade era um fator que dependia da fórmula e da maneira com que o fotógrafo produzia suas emulsões, variando enormemente de fórmula para fórmula. Ele precisava fazer uma série de anotações para saber quais as condições de luz ideais para imprimir determinada fotografia. Mas com a indústria fotográfica, esses fatores também precisaram seguir um padrão, e assim foi possível a invenção de instrumentos que ao medir a luz, traduzissem a quantidade de luz em exposição baseada em obturador e diafragma. O fotômetro nada mais é que uma máquina de calcular, que traduz valores luminosos em índices de exposição.
A maioria dos fotômetros trabalha a base de fotocélulas de selênio, metal que é capaz de transformar a luz incidente em impulsos elétricos e assim gerar uma medida. Essa medida é feita geralmente numa escala chamada foot-candles (os fotômetros modernos trabalham com EV ou ainda lux), e convertida pelo próprio fotômetro, através de um ábaco ou então um chip eletrônico (no caso dos digitais), em valores de tempo de exposição e diafragma, sempre segundo uma determinada sensibilidade. Este valor, já traduzido para stops, é o ponto em que a luz medida será interpretada pelo filme como CINZA MÉDIO.
O Cinza médio é uma tonalidade específica de cinza que reflete 18% de luz, e que representa um ponto intermediário na escala de tons visíveis, do preto mais profundo ao branco mais brilhante. O fotômetro tem a função de fornecer uma referência ao fotógrafo, para que ele saiba como determinado assunto será registrado em tons de cinza (que é válido tanto para filmes coloridos como preto-e-branco), e essa referência é exatamente o cinza médio.
Todo o fotômetro está calibrado para fornecer uma exposição que se traduz em cinza médio no negativo ou positivo.
Mas há diferentes formas de medir a luz, dependendo do tipo de cada fotômetro.
Tipos de Fotômetro
Luz Incidente: Fotômetro de mão, que nos dá a leitura da luz que INCIDE sobre o assunto medido.
Luz Refletida: Fotômetro que nos dá a leitura da luz que é REFLETIDA do assunto medido, e que pode ser dividido em dois tipos:
a) SPOT METER, que é um fotômetro que mede pontos específicos de luz refletida,
b) LUZ GERAL, que é o fotômetro que mede a luz refletida geral de um assunto, como por exemplo os fotômetros embutidos nas câmaras fotográficas.
O fotômetro de luz incidente fará leitura da luz que incide sobre ele, razão pela qual deve-se posicioná-lo o mais próximo do assunto possível, para que ele leia praticamente a mesma luz que incide sobre o assunto da foto. Já o fotômetro de luz refletida, tanto a leitura de luz geral quanto spot meter, o posicionamento é contrário, a leitura deve ser feita na posição da câmera e apontada para o assunto. A diferença entre os dois tipos de luz refletida é que o de luz geral faz uma média da luz de todo o quadro ou de parte dele, segundo a escolha do fotógrafo, e a leitura será o cinza médio para esta média. É o fotômetro normalmente embutido nas câmaras fotográficas. Já o spot meter lê um ponto específico, pois sua medição é feita através de uma lente, e sua área sensível tem ângulo de 1 a 5º aproximadamente, o que determina uma leitura cirúrgica, pois é possível medir especificamente pontos de maior ou menor reflexão de um assunto inteiro.
Em termos práticos, a distinção básica entre fotômetros de luz incidente e de luz refletida é que o primeiro nos fornece o cinza médio independente do contraste do assunto, ou seja, mantendo a relação de contraste original entre as áreas mais claras e mais escuras do objeto. Já o fotômetro de luz refletida, por ler justamente a luz que sai do objeto, considera os contrastes do assunto, pois áreas mais claras e mais escuras do mesmo assunto nos darão exposições muito diferentes para a mesma foto. Como se vê, é um tipo de leitura muito mais específica, geralmente útil para controle dos contrastes após ter sido estabelecido o diafragma no fotômetro de luz incidente. Como o spot meter mede a luz específica que é refletida de um determinado assunto, esta pode variar muito segundo a cor deste objeto (cores escuras refletem menos luz, e cores claras, o oposto), ou segundo o contraste de sombras de uma determinada posição do objeto (ao mudar de posição, tanto o objeto quanto a câmara, a leitura muda), o que torna o Spot Meter uma leitura mais fina e de necessidade técnica apurada, pois seu uso indevido pode resultar numa exposição errada.
Mas, afora a questão dos contrastes, o spot meter pode também ser útil em situações em que o fotógrafo não pode ir até um determinado local fotometrar; nestes casos o spot meter funciona como um fotômetro à distância.
Há que se mencionar ainda que o fotômetro de luz geral, que também mede a luz refletida, possui uma leitura que se aproxima mais do fotômetro de luz incidente do que do spot meter, por fornecer uma média de todos os contrastes, que em termos práticos acaba sendo quase uma leitura apenas da luz incidente.
De qualquer maneira, todo o fotômetro estará, sempre, nos fornecendo o cinza médio de uma dada quantidade de luz, em valores de exposição, referência esta que permite à luz medida cair no centro da curva característica, dando espaço de latitude tanto para altas como para baixas luzes.
Expor para um ponto específico, como no caso do spot meter, é jogar este ponto específico no cinza médio, que se for uma alta luz, incorrerá em enterrar as baixas luzes, perdendo-as, e se for baixa luz, correr o risco de estourar as altas, podendo também perder detalhes nelas. Esta é a razão pela qual os fotômetros trabalham com cinza médio; é o ponto em que a latitude do filme será melhor aproveitada.
Mas com o tempo e a experiência, o fotógrafo consegue pré-visualizar os tons de cinza, e pode, propositadamente, jogar o cinza médio em áreas específicas que não necessariamente são a média da luz geral, acentuando ou amenizando os contrastes do assunto, dando maior riqueza à foto.
Para se obter bons resultados, portanto, é fundamental uma boa fotometragem, ou ainda, uma fotometragem consciente. Não podemos esquecer que o fotômetro é apenas uma referência, e não um valor absoluto que deve ser seguido cegamente.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
O Fotômetro
Publicado por
Deborah Silva
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