Fonte: Folha
Poucas figuras foram tão icônicas da contracultura quanto o ator e cineasta Dennis Hopper (1936-2010), morto por um câncer em maio do ano passado.
Mas, se ele segue muito lembrado como o astro e diretor de um dos filmes mais transgressores feitos em Hollywood, "Easy Rider - Sem Destino" (1969), Hopper continua ainda pouco conhecido por uma outra atividade que exerceu com inegável talento: a de fotógrafo.
Mostrar algumas das imagens mais representativas do estilo fotográfico de Hopper é a proposta do livro "Dennis Hopper: Photographs 1961 -1967" (Taschen, US$ 69,99, cerca de R$ 110). Além de belas fotos, a edição traz ensaios, uma biografia e trechos de entrevistas com o artista.
Hopper era tão famoso pelo seu talento quanto pelos abusos de drogas e álcool. Começou a fotografar no fim dos anos 50, quando a carreira de ator não ia nada bem.
Amigo de alguns dos personagens que fizeram a efervescência dos anos 60, Hopper viveu intensamente aquele período e imortalizou em suas lentes companheiros, colegas de profissão, namoradas e anônimos.
"Dennis conhecia todo mundo, e todo mundo conhecia Dennis. Ele foi uma figura central em um período histórico inigualável para a cultura", diz Jessica Hundley, amiga de Hopper e uma das idealizadoras do livro --ela também é a autora do texto biográfico presente na edição.
"Ele sabia que era muito importante registrar o que acontecia ao seu redor naquela época, que aqueles lugares e pessoas teriam uma grande ressonância muitos anos depois."
O livro traz cliques assinados por Hopper de personagens-chave dos anos 60, como Andy Warhol (na época da explosão da pop art), Jane Fonda (de biquíni, posando de arqueira), Paul Newman (no set de "Fúria Indomável"), Martin Luther King (em marcha pelos direitos civis) e Ike e Tina Turner (em raro momento de paz conjugal).
Mais que mero registro de situações específicas, suas imagens são um panorama do que foi aquela década.
SEGREDO
"Dennis tinha admiração, curiosidade e respeito pelo que fotografava. Esse era o seu segredo", diz Jessica.
Ela ressalta também que Hopper tinha um apurado senso para a composição de imagens --o que ele também mostrou como diretor de cinema, sobretudo no hoje esquecido longa "The Last Movie" (1971).
Hoje, as fotografias estão na Tony Shafrazi Gallery, em Nova York, e de vez em quando são mostradas em museus e galerias de arte em alguma parte do mundo.
A paixão de Hopper por arte não se limitava à fotografia. Ele foi pintor e reuniu uma valiosíssima coleção.
"Ele tinha ao menos um item dos nomes mais importantes representados na ala dedicada à arte do século 20 do Metropolitan: Duchamp, Warhol, Basquiat, Julian Schnabel, Damien Hirst, Ed Ruscha, Bruce Conner, Lichtenstein", descreve Jessica. "Uma coleção de tirar o fôlego", resume a autora.
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