Fonte: Evandro Enoshita
Diário do Grande ABC
Aos 84 anos, Emílio Schoeps relembra com precisão cada detalhe de sua aventura por trás das lentes de uma máquina fotográfica. Foto: Claudinei Plaza
Era apenas uma distração para o professor Emílio Schoeps, de Santo André. Mas, por suas lentes de fotógrafo amador ficaram registradas diversas paisagens e situações do Grande ABC do passado.
Junto com quatro amigos, Emílio e o pai, o imigrante belga René, fundaram o Câmera Clube de Santo André, que na década de 1950 reuniu os fotógrafos amadores da região.
Aos 84 anos, Schoeps tem vivas na memória histórias do tempo em que conciliava a rotina de professor da Escola Profissional Doutor Júlio de Mesquita (hoje ETE) com a de fotógrafo. "Aproveitava o tempo livre para registrar cenas. Nós fazíamos excursões para fazer fotografar o local. Depois, organizávamos exposições e também enviávamos o nosso material para serem exibidos no Exterior", comentou Schoeps.
É deste período a maioria das fotos que adornam as paredes da sala e do corredor do apartamento do professor aposentado, no Centro da cidade.
Uma delas chama mais a atenção de Schoeps. A imagem - que chegou a ser exposta na Argentina - mostra um homem trajando paletó, chapéu e carregando uma pasta, sobre um pontilhão no momento em que uma locomotiva Maria-fumaça passava, deixando uma nuvem de vapor como rastro.
"Essa (foto) é de 1952. Tive de ficar 40 minutos parado para fazer essa foto. Parecia que nunca daria certo, porque a locomotiva passava e não tinha ninguém, ou vice-versa", relembrou Schoeps.
O Câmera Clube encerrou suas atividades em 1958. "Ficamos sem ter um lugar para nos reunir", disse ele. Com isso, o lado professor começou a tomar o espaço do então fotógrafo. Mas o mestre jamais esqueceu da sua paixão. Dois derrames, no entanto, o afastaram definitivamente das máquinas e lentes. Não sem lamentar, ele deixou de capturar as imagens do cotidiano. "É uma pena que os meus olhos não me permitam mais", disse.
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