Fonte: Observatório da Imprensa
Por: Leticia Nunes (edição), com Larriza Thurler
A agência de notícias Associated Press suspendeu, na semana passada, o uso de fotos fornecidas pelo Departamento de Defesa dos EUA depois que o Exército distribuiu uma imagem alterada digitalmente. Esta é a segunda vez, nos últimos meses, que a agência tem que eliminar de seu serviço uma fotografia fornecida pelo Exército.
A militar Ann E. Dunwoody tornou-se a primeira mulher a ser promovida a general de quatro estrelas, mais alta patente da hierarquia militar americana. Na foto original, ela aparecia sentada em uma escrivaninha. Três estrelas no uniforme indicam seu posto de tenente-general, patente que tinha antes da promoção. Na imagem alterada, distribuída pelo Exército e usada no serviço de imagens da AP, Ann é mostrada de uniforme militar em frente a uma bandeira americana. Sua patente não é visível na roupa.
Tolerância zero
Segundo Cathy Abbott, que comanda a divisão de comunicação do Exército dos EUA, a foto não violou a política militar que proíbe corte ou edição de imagens para mudar o sentido de um fato ou o contexto de um evento. "Não estamos distorcendo [a imagem]", defende. Ela não soube informar quem modificou a fotografia ou quem a divulgou, entretanto.
A AP alega que modificar fotos e outras imagens, mesmo que por razões meramente estéticas, mina a credibilidade da informação distribuída pelo órgão militar a organizações de mídia e ao público. "Para nós, há uma política de ‘tolerância zero’ em subtrair ou adicionar conteúdo de uma imagem", declarou Santiago Lyon, diretor de fotografia da agência. Segundo Lyon, a AP vem desenvolvendo procedimentos para se proteger de incidentes como este e, quando esta proteção for completa, poderá retirar a suspensão. Ele afirmou ainda que a agência está discutindo o problema com o Exército.
Bom olho
Em setembro, a AP havia proibido o uso de uma foto do sargento Darris Dawson, morto no Iraque, pois o rosto e os ombros do militar pareciam ter sido alterados digitalmente. Cathy Abbott afirmou, na ocasião, que a unidade de Dawson não tinha uma foto oficial dele e queria uma boa imagem para usar no funeral. "Esta foto foi liberada ao público por acidente. Nos desculpamos por isso", disse.
Bob Owen, vice-diretor de fotografia do jornal San Antonio Express-News, foi quem notou as modificações nas duas imagens, ao ver as versões anteriores delas na internet. Ele diz que tem por hábito verificar todas as fotografias fornecidas pelo Departamento de Defesa. "Fotojornalistas perdem seus empregos por causa de coisas assim", lembra. Informações de Richard Lardner [AP, 15/11/08].
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