Redirecionamento

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Qual o objetivo da fotografia? Existem limites?

3 comentários:

Armando Vernaglia Jr disse...

Vou repetir um pensamento meu, que uns podem concordar, outros não, mas é meu pensamento de qualquer maneira.

O fotógrafo que assiste aos acontecimentos e espera como um urubu pela carniça é, para mim, um dos piores tipos de ser humano existente.

O maior exemplo real disso foi o Kevin Carter, provável inspirador de um filme como esse.

Ninguém pode deixar de ser humano para ser fotógrafo, no momento em que nos tornamos uma máquina clicadora perdemos o que temos de melhor, e passamos a fazer algo que um robô faria.

O que nos faz diferente de máquinas? Eu diria que é a humanidade, mas uns perdem isso. E o que acontece com as máquinas? O tempo as torna obsoletas.

Em alguma escala, isso é o que digo sobre cada um que sai na rua fotografando gente miserável e depois não aparece nem para dar uma foto de presente para a pessoa, tiram o nada que eles tem e não devolvem coisa alguma. Fazer esse tipo de coisa não é denunciar, mas ser carniceiro.

O caso encenado no filme, fotografar gente morta em guerra é como fotografar faminto na Africa ou mendigo em São Paulo, nada disso é denúncia. Não quero dizer que o assunto não deva ser fotografado, mas nunca podemos nos esquecer de que somos humanos, e que poderíamos estar no lugar dessas pessoas, portanto devemos ter ética e respeito, acima de tudo.

[]'s

Armando Vernaglia Jr
flickr.com/armandovernaglia/

Lia Guedes disse...

Essa é uma questão controvertida, complexa e delicada. Nunca consegui encontrar um meio termo que me desse paz em relação a esse assunto. E não falo do prisma profissional, como foi muito bem colocado pelo Armando Venaglia.

Fico pensando até onde esta atitude fará a diferença, até onde vai a auto preservação. Difícil imaginar uma pessoa que em sã consciência arriscasse o próprio couro para tentar salvar uma pessoa numa situação como estas.

Quanto ao Kevin... a história conta Kevin como uma pessoa que percebeu, ainda que tardiamente, como nossas ações refletem em nossas vidas.

Ainda refletindo, não chego a uma conclusão definitiva sobre o tema. Mas o vídeo me instiga a pensar cada vez mais e mais.

Marcello Sokal disse...

A lente nos torna ,algumas vezes,mais insensivéis - pela separação física que proporciona.O profissional de fotojornalismo que cobre determinados assuntos (guerra,violência urbana nos grandes centros urbanos, entre outros),passa a ter uma visão mais fria,menos sensível ao sofrimento -em situações que sensibilizariam outras pessoas, já não ditam ou influenciam seu comportamento.O que é complicado,pois antes de profissional é um ser humano.

Mas tem o outro lado da questão: a obrigação profissional de relatar os fatos que presencia.Mesmo não sendo o autor ele se torna parte importante e fundamental do fato jornalístico.O que ele registra,como registra e sob qual bagagem ideológica/pessoal irá fazer isso, faz toda a diferença de como irá atingir as pessoas e proporcionar material de venda para seu veículo de comunicação (motivo pelo qual é contratado).

Até que ponto somos honestos conosco e com os outros?.Até que ponto podemos ir para conseguir o fato jornalístico?.Devemos passar por cima de tudo que acreditamos e aceitamos?.O que vai contar no final?. Devemos nos eximir do registro ou registrar tudo na crueza dos fatos?. Não são questões facéis de serem respondidas (a babagem profissional e a vivência de cada um que dará a resposta definitiva)mas por outro lado são considerações que devem (ou deveriam) nos inquetar em determinadas situações.

Em relação ao vídeo (muito bom por sinal e que toca de maneira certeira na questão),imagino que ,talvez,tivesse um posicionamento diferente,mesmo arriscando ser atingido (tentando distrair o atirador,que provavelmente iria disparar na direção de quem o chamasse,basta ver a atitude de terror que transparece na situação em que se encontra - ou por outro lado só ficaria esperando por um desfecho menos trágico - tudo ia depender do calor do momento (coisas típicas da natureza humana).

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