Ética, consciência e profissionalismo. Em poucos minutos ou por, “UM CENTÉSIMO DE SEGUNDO”, temos a sensação de sermos jogados em meio a um covil e questionados sobre os limites da fotografia. O profissional com sua câmera revela um olhar particular e único, o instante do disparo da máquina só pertence ao fotógrafo. Só ele vivenciou ou representou aquele momento. Pode, mesmo assim, dividir a cena com outros mil, mas aquela percepção é individual.
Vídeo: “Um centésimo de segundo”
A história do vídeo intitulado, “Um centésimo de segundo”, apresenta a ambiciosa fotojornalista Kate. Em meio a um tiroteio em uma zona de guerra do Leste Europeu, Kate vê uma jovem que atravessa o caos. Intrigada, ela segue a garota. A menina acidentalmente encontra um atirador que começa a interroga-la pressionando uma metralhadora para sua cabeça. Kate fotografa a vítima apavorada e fica horrorizada quando a menina faz contato visual com ela pedindo ajuda. Mas Kate está ocupada demais com sua fotografia. Ela clica cada segundo daquele momento e vê a menina levar um tiro. O trabalho de Kate é nomeado para o prêmio: “Fotógrafo of the Year Award”. Na cerimônia, quando sua fotografia ganha o prêmio principal, Kate se encontra assombrada pelas memórias da garota. Vendo a imagem projetada sobre uma tela, Kate acaba sem receber o prêmio, deixando o público a olhar para a fotografia brutal da menina morta.
3 comentários:
Vou repetir um pensamento meu, que uns podem concordar, outros não, mas é meu pensamento de qualquer maneira.
O fotógrafo que assiste aos acontecimentos e espera como um urubu pela carniça é, para mim, um dos piores tipos de ser humano existente.
O maior exemplo real disso foi o Kevin Carter, provável inspirador de um filme como esse.
Ninguém pode deixar de ser humano para ser fotógrafo, no momento em que nos tornamos uma máquina clicadora perdemos o que temos de melhor, e passamos a fazer algo que um robô faria.
O que nos faz diferente de máquinas? Eu diria que é a humanidade, mas uns perdem isso. E o que acontece com as máquinas? O tempo as torna obsoletas.
Em alguma escala, isso é o que digo sobre cada um que sai na rua fotografando gente miserável e depois não aparece nem para dar uma foto de presente para a pessoa, tiram o nada que eles tem e não devolvem coisa alguma. Fazer esse tipo de coisa não é denunciar, mas ser carniceiro.
O caso encenado no filme, fotografar gente morta em guerra é como fotografar faminto na Africa ou mendigo em São Paulo, nada disso é denúncia. Não quero dizer que o assunto não deva ser fotografado, mas nunca podemos nos esquecer de que somos humanos, e que poderíamos estar no lugar dessas pessoas, portanto devemos ter ética e respeito, acima de tudo.
[]'s
Armando Vernaglia Jr
flickr.com/armandovernaglia/
Essa é uma questão controvertida, complexa e delicada. Nunca consegui encontrar um meio termo que me desse paz em relação a esse assunto. E não falo do prisma profissional, como foi muito bem colocado pelo Armando Venaglia.
Fico pensando até onde esta atitude fará a diferença, até onde vai a auto preservação. Difícil imaginar uma pessoa que em sã consciência arriscasse o próprio couro para tentar salvar uma pessoa numa situação como estas.
Quanto ao Kevin... a história conta Kevin como uma pessoa que percebeu, ainda que tardiamente, como nossas ações refletem em nossas vidas.
Ainda refletindo, não chego a uma conclusão definitiva sobre o tema. Mas o vídeo me instiga a pensar cada vez mais e mais.
A lente nos torna ,algumas vezes,mais insensivéis - pela separação física que proporciona.O profissional de fotojornalismo que cobre determinados assuntos (guerra,violência urbana nos grandes centros urbanos, entre outros),passa a ter uma visão mais fria,menos sensível ao sofrimento -em situações que sensibilizariam outras pessoas, já não ditam ou influenciam seu comportamento.O que é complicado,pois antes de profissional é um ser humano.
Mas tem o outro lado da questão: a obrigação profissional de relatar os fatos que presencia.Mesmo não sendo o autor ele se torna parte importante e fundamental do fato jornalístico.O que ele registra,como registra e sob qual bagagem ideológica/pessoal irá fazer isso, faz toda a diferença de como irá atingir as pessoas e proporcionar material de venda para seu veículo de comunicação (motivo pelo qual é contratado).
Até que ponto somos honestos conosco e com os outros?.Até que ponto podemos ir para conseguir o fato jornalístico?.Devemos passar por cima de tudo que acreditamos e aceitamos?.O que vai contar no final?. Devemos nos eximir do registro ou registrar tudo na crueza dos fatos?. Não são questões facéis de serem respondidas (a babagem profissional e a vivência de cada um que dará a resposta definitiva)mas por outro lado são considerações que devem (ou deveriam) nos inquetar em determinadas situações.
Em relação ao vídeo (muito bom por sinal e que toca de maneira certeira na questão),imagino que ,talvez,tivesse um posicionamento diferente,mesmo arriscando ser atingido (tentando distrair o atirador,que provavelmente iria disparar na direção de quem o chamasse,basta ver a atitude de terror que transparece na situação em que se encontra - ou por outro lado só ficaria esperando por um desfecho menos trágico - tudo ia depender do calor do momento (coisas típicas da natureza humana).
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