Por: Yuri Bittar
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Miksang é o bom olho (do tibetano), a fotografia contemplativa, clicar com o coração, notar os milagres do dia-a-dia que normalmente passam despercebidos. Enfim, fotografar com esse estilo é ter o olho mais atento que o normal, e bem afinado com o coração! É um conceito de fotografia ligado à meditação, portanto a uma reflexão de si mesmo, ou seja, uma forma de se ver, por isso é uma fotografia que mostra algo sobre seu autor.
Para muitos é preciso descondicionar o olhar para poder ver assim. Um bom exercício seria visitar lugares desconhecidos, para onde você iria sem saber previamente o que quer ver. Mas creio que o desafio é buscar o despercebido nos lugares que você freqüenta mesmo. Para quem está acostumado a usar a fotografia com algum propósito bem definido e estruturado, seja como trabalho ou arte, que tal deixar “rolar solto” um pouco, fotografar simplesmente o que chama sua atenção, pensando apenas na imagem e não em sua utilidade? Experimente!
Banco vazio, dia vazio - Ao ver essa foto (é que eu vejo a foto antes de fotografar) eu achei uma imagem muito triste, pensei em vazio, escuridão, limo, frio, abandono... claro que eu estava num dia meio pesado, com um pouco de dor nas costas, numa sala vazia esperando 5min. para ir para uma entrevista (sou historiador), olhei pela janela e vi o banco.... mas achei que valia a pena registrar esse momento de vazio...
Esta foi a primeira foto que fiz com o conceito de Miksang em mente. Numa foto postada dias antes a Bel Barbiellini comentou perguntando se era miksang, e eu não sabia o que era isso. Fui investigar e gostei! Percebi que de certa forma já fazia isso, ou melhor, tentava, pois como fazer algo para o qual não temos sequer palavras? Essa nova idéia veio então responder a alguns velhos anseios dentro de mim. A troca, o contato com outras pessoas, fotógrafos amadores e profissionais, tem me proporcionado enorme aprendizado.
Com esse novo, ou renovado, olhar que adquiri, vasculhei algumas de minhas pastas e encontrei fotos antes desprezadas, e que agora pude ver um valor nelas. Esse novo olhar me mudou mesmo! E ao sair para fotografar, para criar novas imagens, agora vejo muito mais para fotografar, tenho a visão mais ampla. As coisas estão por ai, é preciso apenas prestar atenção e perceber imagens interessantes por toda parte!
Miksang tem muita proximidade com o formato das "polaroids", com os instantâneos, pois ambos podem ser recortes rápidos do dia-a-dia. Assim, para mim, o formato quadrado é mais adequado para trabalhos de aspecto gráfico, still, texturas, objetos comuns que raramente paramos para observar. Não há necessidade, penso eu, de reflexões sociais, crítica, pessoas, elementos que geralmente estão nas minhas fotos, e que prezo muito, mas às vezes fazer apenas imagens, praticar uma fotografia contemplativa, o "miksang", a busca por um olhar puro, é um ótimo exercício. Contemplar a realidade é contemplar a si mesmo.
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