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O trabalho de Nan Goldin, que seria exposto no Rio de Janeiro, traz imagens cruas, sinceras e íntimas, com poesia e sem meias palavras.
O enquadramento duro e honesto da fotógrafa estadunidense Nan Goldin já gerou muita polêmica e a colocou desde muito nova entre os mais conhecidos fotógrafos documentais do mundo contemporâneo.
Suas fotos são cruas, sinceras, íntimas e absolutamente ligadas à própria vida da artista. Nan Goldin retrata não só o que vê, mas o que vive, com poesia, e sem meias palavras. Ela diz que não se pode retratar aquilo que não se viveu.
Sem hesitar, a câmera de Goldin captura pessoas em situações mais do que íntimas, o universo dos gays e transsexuais em Boston, as festas regadas a álcool e sexo em Nova Iorque, a penumbra do quarto onde seu amigo falece, de AIDS, em Paris.
Nos anos 70 e 80, cercada pelo uso e abuso de drogas, Nan Goldin retrata seus amigos, casais em momentos pacíficos e agressivos, e sem medo se fotografa também. Em um de seus mais famosos auto-retratos, Nan aparece com o olho roxo. Ela havia sido espancada por um ex-namorado cerca de um mês antes. Goldin explicou posteriormente que era uma foto para não se esquecer do sofrimento.
No fim dos anos 80, após sair de um centro de reabilitação para o abuso de drogas, Nan Goldin assiste à morte de diversos amigos, vítimas de overdose ou do HIV — entre as vítimas do vírus, sua melhor amiga, Cookie, e seu agente em Paris, Gilles. Num processo intenso e deprimente, sem moralismos e julgamentos, Nan fotografa. Em uma entrevista, ela disse que um dia chegou a acreditar que não poderia perder nada nem ninguém se os fotografasse exaustivamente.
Ela também criou fotografias polêmicas, como a foto de duas crianças dançando semi-nuas. Ou a de uma menina, com aparência de pré-adolescente, nua, em uma piscina.
Sobre isto, ela disse em entrevista para o jornal The Independent: “Não tem nada a ver com o que as crianças aparecem fazendo na imagem e não há nada de doente na nudez de uma criança. É tão ridículo que nós tratemos disto como um problema na sociedade. Uma das alegrias da vida é o corpo humano”.
Citando um sobrinho que vive na Escócia, onde a nudez não é um tabu, ela explica: “Quanto mais próximos estamos da nudez, mais desmistificada ela o é e mais compreendemos que o corpo humano é bonito”. “A diferença entre pornografia e arte é que [na pornografia] as crianças são forçadas a atuar de acordo com a fantasia dos adultos. Abuso infantil tem a ver com poder e eu não estou encorajando ninguém a ter uma relação com alguém menor de idade” e prossegue explicando que não ‘armou’ as imagens, que elas simplesmente aconteceram.
Aqui no Brasil, utilizando-se da lei de incentivo a cultura, a empresa de telefonia Oi patrocina exposições através de editais, abertos a todos e disponíveis anualmente em seu site. Em 2010, a Oi contemplou o projeto para a exposição da Nan Goldin, com mais de 700 fotos. Sob curadoria de Lígia Canongia, a exposição abrangeria grande parte do trabalho desenvolvido por Nan durante toda sua carreira e aconteceria no Centro Cultural Oi Flamengo, no Rio de Janeiro.
Leva-se mais de um ano para organizar uma exposição deste porte, especialmente porque trata-se de material de um artista estrangeiro. Muitas vezes, o material a ser exposto, é reunido a partir de coleções de diferentes lugares do mundo.
A exposição tinha data de abertura marcada para 9 de Janeiro de 2012. Segundo Lígia, no final de outubro último, a direção da Oi Futuro pediu que a curadora apresentasse algumas das fotos que participariam da exposição. Após avaliar o material, a Oi pediu à fotógrafa que retirasse as imagens de crianças que apresentassem alguma nudez, pedido prontamente atendido pela artista. A Oi então pediu que fosse retirada toda e qualquer imagem de crianças, vestidas ou não. Novamente a artista concordou, mas queria colocar faixas negras por cima no local onde estariam as imagens, com a palavra ‘censurado’ pois acreditava que neste caso, o total da obra estaria sendo muito mutilada e prejudicada. A Oi optou por cancelar a exposição.
E você, leitor, o que acha?
2 comentários:
Acredito que um artista que não se contenta em apenas produzir arte para consumo próprio e, quer adentrar ao mercado da arte, tem que aceitar as possíveis negativas em relação ao uso de sua produção.
Oras,será que agora - pelo simples fato de produzir arte que levante qualquer tipo de assunto polêmico - o mesmo deve ser sempre aceito pelo "mercado"?
O nome já diz: MERCADO. Apesar do blá blá blá cultural sejha do governo ou da iniciativa privada, no fim da história sempre o que se pretende é produzir/ganhar a vida/dinheiro, como queiram.
Se eu vou contratar um serviço - e por qualquer motivo não o quero, ou prefiro outro - tenho o direito sagrado de dizer NÃO.
Alguém acredita que uma instituição vai colocar em exposição uma artista que quer "queimar" o próprio contratante durante a exposição! E a artista ainda vai levar uma graninha por isso? Aí é muito "facinho não é mesmo?
Coloca a viola na sacolinha e bate em outra porta, ora bolas!
Olá. Pessoal do fotocolagem.
Gostaria de saber por que o comentário que fiz anteriormente foi deletado.
Engraçado como num texto em que se fala em censura e que SE SOLICITA a opinião dos leitores há uma censura ao leitot. Prática tão criticada por quem deu início a discussão.
Como já havia falado no meu comentário, que se aplicava a negativa da OI, eu CONCORDARIA com uma negativa do site em não querer publicar algum comentário meu que fosse julgado não relevante aos interesses dos propietários do blog.
Todavia, o mínimo que poderia ser feito, seria mandar uma mensagem informando que meu comentário seria excluído. Seria de bom tom.
Grato.
Silas Wollinger
silas.wollinger@gmail.com
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