O fotógrafo Marcelo Andrê continua sua busca pelas cenas inusitadas do Brasil. Se escrever com a luz é a paixão de Andrê, o expedicionário resolveu voltar os olhos para os costumes e tradições de Goiás.
As fotos deste ensaio trazem a Procissão do Fogaréu, um momento íntimo da cultura dos goianos que ganham espaço no Fotocolagem.
O FOTOCOLAGEM segue na garupa. Acompanhe os outros posts já realizados sobre o trabalho do Marcelo Andrê: Pantanal - Jalapão - Chapada dos Guimarães - Parque das Emas
Marcelo Andrê
Cidade de Goiás
História
Descobertas as Minas Gerais de um lado e as minas de Cuiabá, de outro, no século XVII, uma idéia renascentista (a de que os filões de metais preciosos se dispunham de forma paralela em relação ao equador) iria alimentar a hipótese de que, entre esses dois pontos, também haveria do mesmo ouro. Assim, foram intensificadas as investidas bandeirantes, principalmente paulistas, em território goiano, que culminariam tanto com a descoberta quanto com a apropriação das minas de ouro dos índios goiases, que seriam extintos dali mais rapidamente que o próprio metal. Ali, onde habitava a nação Goiá, Bartolomeu Bueno da Silva fundaria, em 1727, o Arraial de Sant'Anna.
Pouco mais de uma década depois, em 1736, o local seria elevado à condição de vila administrativa, com o nome de Vila Boa de Goyaz (ortografia arcaica). Nesta época, ainda pertencia à Capitania de São Paulo. Em 1748 foi criada a Capitania de Goiás, mas o primeiro governador, dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, só chegaria ali cinco anos depois.
Com ele, instalou-se um "Estado mínimo" e, logo, a vila transforma-se em capital da comarca. Noronha manda construir, então, entre outros prédios, a Casa de Fundição, em 1750, e o Palácio que levaria seu nome (Conde dos Arcos), em 1751. Décadas depois, outro governador - Luís da Cunha Meneses, que ficou no cargo de 1778 a 1783-, cria importantes marcos, fazendo a arborização da vila, o alinhamento de ruas e estabelecendo o primeiro plano de ordenamento urbano, que delineou a estrutura mantida até hoje.
Com o esgotamento do ouro, em fins do século XVIII, Vila Boa teve sua população reduzida e precisou reorientar suas atividades econômicas para a agropecuária, mas ainda assim cultural e socialmente sempre esteve sintonizada com as modas do Rio de Janeiro, então capital do Império. Daí até o início do século XX, as principais manifestações seriam de arte e cultura, com sarais, jograis, artes plásticas, literatura, arte culinária e cerâmica - além de um ritual único no Brasil, a Procissão do Fogaréu, realizada na Semana Santa.
Procissão do Fogaréu na Cidade de Goiás
Na Quarta feira de trevas, acontece a Procissão do Fogaréu, única neste estilo realizada no Brasil. Simboliza a busca e prisão de cristo. Dela participam personagens encapuzados, denominados Farricocos que seriam penitentes e mantenedores da ordem. Tais personagens, são os que mais se assemelham aos existentes na Semana Santa espanhola. Cerimônias Litúrgicas e para-litúrgicas.
A procissão tem inicio por volta das 00:00hs., com a iluminação pública apagada e ao som de tambores, saindo de frente da porta do Museu de arte sacra da Boa Morte, na praça principal. Segue rápida e desordenadamente até às escadarias da Igreja de N.S. do Rosário, onde encontrarão a mesa da última ceia já dispersa. Daí, segue em direção a Igreja de São Francisco de Paula, que no ato simboliza o monte das oliveiras, onde se dará a prisão de Cristo, representado por um estandarte de linho pintado em duas faces pelo artista plástico Veiga Valle, no sec. XIX. Nesta cerimônia, o único ato litúrgico, é a homilia realizada pelo Bispo Diocesano, no pátio da Igreja de S. Francisco. Após a homilia, a procissão continua até o ponto de origem, encerrando. Musicalidade.
Durante a procissão são cantados três peças dos Motetos dos Passos, no inicio (Exeamus), na parada do Rosário (Domine) e após a prisão do Cristo (Pater). Também aparece a fanfarra, com tambores tocando marchas rápidas. A fanfarra foi introduzida por volta de 1965 para se conseguir silêncio. Antigamente, em seu lugar havia toques esporádicos de uma "buzina", chifres de boi semelhante a um berrante. No momento da prisão do Cristo, também se ouve o toque de um clarim, executado por um farricoco.
Geografia
Clima
O clima é caracterizado por dois períodos distintos: um seco, com ausência quase que total de chuvas no inverno, que vai de maio a setembro e outro chuvoso, com abundância de águas, no verão que vai de outubro a abril. A temperatura média anual é de aproximadamente 23 graus, sendo os meses de setembro e outubro os mais quentes e junho e julho os mais frios.
Vegetação
A vegetação típica de Goiás é a mesma do Cerrado, ou seja, a vegetação da cidade em sua maior parte é semelhante à de savana, com gramíneas, arbustos e árvores esparsas. As árvores têm caules retorcidos e raízes longas, que permitem a absorção da água -disponível nos solos do cerrado abaixo de 2 metros de profundidade, mesmo durante a estação seca e úmida do inverno.
Hidrografia
O município de Goiás é cortado pelo Rio Vermelho (afluente do rio Araguaia) e está situado na bacia do Tocantins-Araguaia, que desagua no Amazonas.Ele passa do lado da casa de cora coralina.
Enjoy
Sobre Marcelo Andrê
MARCELO ANDRÊ, fotógrafo especializado em natureza, montanhismo e esportes de aventura.
Contatos:
Site: http://www.marceloandre.com/
Email: marceloandrebhz@gmail.com
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